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Ultraprocessados já correspondem a quase um quarto da alimentação dos brasileiros

Publicada: 28/11/2025

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) alertam: os chamados alimentos ultraprocessados já representam cerca de 23% da dieta dos brasileiros, um salto em relação aos 10% registrados na década de 1980.

A constatação faz parte de uma série de artigos publicados por mais de 40 cientistas na revista The Lancet. O fenômeno, segundo os pesquisadores, não é exclusivo do Brasil: um estudo com dados de 93 países indica que o consumo desses produtos aumentou globalmente — com exceção do Reino Unido, onde se manteve estável em cerca de 50%. Nos Estados Unidos, por exemplo, ultraprocessados já ultrapassam 60% da dieta.

Para Carlos Monteiro, pesquisador do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS/USP), esse crescimento está relacionado à expansão de grandes empresas globais de alimentos. Segundo ele, essas corporações usam estratégias poderosas de marketing e lobby político para manter e ampliar o consumo.

Estudos epidemiológicos reforçam os riscos à saúde: dietas ricas em ultraprocessados tendem a ser mais calóricas, com menor qualidade nutricional e maior exposição a aditivos químicos. Em uma revisão de 104 estudos longitudinais, 92 identificaram associações entre o consumo desses alimentos e doenças crônicas, como câncer, diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares.

Os autores dos artigos também fazem recomendações concretas para políticas públicas:

  • Exigir sinalização clara nas embalagens sobre aditivos (como corantes e aromatizantes), além de alertas para excesso de açúcar, sal e gordura.
  • Proibir a oferta de ultraprocessados em instituições públicas, como escolas e hospitais — uma medida já aplicada, por exemplo, no Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
  • Impor restrições à publicidade, especialmente voltada a crianças, e criar mecanismos para tornar alimentos in natura mais acessíveis, como taxação de ultraprocessados para financiar alimentos frescos.

Monteiro alerta que essa transformação alimentar não é resultado apenas das escolhas individuais, mas de estratégias corporativas organizadas para moldar dietas com alto consumo de produtos ultraprocessados.



 

 

Fonte: Fonte: Agência Brasil